Entusiasmo que me ocupa a mente e tira a concentração, paro, reflito, desejo, planejo, porém é devaneio e desperto. Abro os olhos para a realidade que é distante de meus enleios. Concentro-me na verdade que me cerca.
Minutos se agarram àqueles pensamentos bons e não os deixam ir, desejo-os com tudo que posso e esbarro na incerteza da vida. Queria tanto poder cumprir esses sonhos, ser quem sempre quis, viver como imaginara bom, produzir, aprovar, aplaudir e ser aplaudido. Tudo assim, como fora, surpreendente e agradável.
A cada saída o entusiasmo acendia, a cada sucesso a esperança se renovava e apesar de tudo era bom e eu feliz vivia. Esse tédio que me ronda constantemente, raramente me visitava em tempos vindouros, o limite era a imaginação, nada me abalava, nada me ofendia, nada me calava e nada simplesmente nada me tirava o desejo de viver, porque era bom e sentia-me bem, eu era eu! As lutas eram superadas sem lamentações, as batalhas vencidas com louvor, as guerras não me amedrontavam.
Hoje, certamente não sou o mesmo, não o mesmo sonhador audaz e destemido que me refiro acima. Sou sombra ou vivo a sombra, incompreendido me rendo a tantas coisas que jamais me renderia, adoto posturas que nem de longe se assemelham aquela “certeza de tudo” que outrora se fazia presente. Pouco ainda há de mim...